Réquiem para um Sonho

Gênero: Drama
Direção: Darren Aronofsky
Ano: 2000

 Simplesmente a coisa mais chocante que já vi nos últimos tempos. Parando pra pensar, não sei se já vi algo que me deixou tão boquiaberto neste nível em toda minha vida cinematográfica. Eu posso lembrar que já vi Oh Dae-su devorar um polvo vivo em Oldboy (que por sinal é um filme altamente surpreendente, apesar de eu não curtir muito na época que assisti, talvez deva assisti-lo novamente), além de outras bizarrices nesta mesma produção, mas nada chega perto da sensação que se tem com Réquiem para um Sonho.Eu não fazia muita ideia da sinopse, apenas sabia que envolvia um casal de drogados, algo com um programa de TV e a Jennifer Connelly bonitinha que só ela.O termo "réquiem" me era familiar pelo fato de conhecer o famoso Réquiem de Mozart, que consiste em uma série de músicas compostas para finalidades fúnebres.Após o término do filme meu conceito de Réquiem se alterou sensivelmente, o que vi fez as composições de Wolfgang Amadeus Mozart soarem como rock colorido de tão felizes se comparadas ao que eu acabava de assistir.

Réquiem para um Sonho é um filme sobre as drogas e os efeitos devastadores dela na vida de pessoas tão diferentes. É também um filme sobre sonhos despedaçados, memórias de tempos felizes e projetos inacabados. Esqueça tudo que você já viu sobre a degradação causada pelo vício na vida de um indíviduo. Aquela esquematização mostrada em novelas na qual uma pessoa viciada admite seu problema, se interna em uma clínica e no último capítulo volta recuperado e sorridente não condiz com a realidade de uma grande parcela dos afligidos por esse grande problema.

Réquiem para um Sonho é uma viagem. Sabe o fundo do poço? Quando se chega lá você descobre que ele mesmo possui o seu próprio poço com uma profundidade absurdamente monumental e que a queda sempre pode ser maior do que você imagina. Harry (Jared Leto, espetacular no papel) e Marion (Connelly em uma atuação impecável) formam um jovem casal de viciados com muitos planos de um futuro feliz com um negócio próprio.Mas para conseguir a grana, com a ajuda de Tyrone (Marlon Wayans), o grupo coloca em prática um plano de adulteração e venda de droga. Paralelamente a isto acompanhamos a história de Sara Goldfarb (Ellen Burstyn, essa mulher merecia o Oscar por esse papel!), uma dona de casa, mãe de Harry,  viciada em um programa de auditório na TV que recebe um convite para participar do tal programa. Após isso ela entra em um estado obsessivo relacionado a perda de peso e acaba por recorrer ao uso de umas pílulas de efeitos bem duvidosos.

Agora eu vou falar um pouco da questão técnica, eu realmente preciso fazer isso.A fotografia do filme é incrível. Os cortes de cena, telas divididas, padrões de repetição, o modo como a câmera se comporta, tudo é genial. Tô com a música tema do filme na cabeça até agora. As representações alucinógenas são surreais, o ritmo é frenético e perturbador. Na boa, não é o melhor longa pra se assistir antes de dormir, não por ser um terror, já que se trata de um drama, mas é uma representação muito forte de uma realidade extremamente intensa (eu fiz isso, fui dormir uma da madruga, com a cabeça fervilhando. Acredite, eu acordei e meu cérebro ainda assimilava o que eu tinha visto!). A classificação indicativa é para maiores de 18, por não saber disso acabei sem a mínima noção de onde estava me metendo. Atuações mais do que competentes, um enredo que prende e uma realização impecável. É o tipo de filme que as pessoas precisam assistir uma vez na vida. E, ao menos no meu caso, eu digo APENAS uma vez na vida, pois dificilmente veria de novo.