sábado, 3 de setembro de 2011

Mangue Negro: uma pérola nacional


"Não enxergo nada quando estou acordada, e tenho medo das coisas que vejo quando estou dormindo."
(Mangue Negro)

Um sábado ocioso, uma ingrata missão de escrever sobre um filme muito ruim. Entre "Professora sem Classe", "O Preço da Bravura" e "Mangue Negro", qual lhe parece pior? Sim, foi esse último título que eu assisti. Mas você não vai fazer isso.
Antes de qualquer coisa, devo fazer alguns esclarecimentos:
1º: Sou spoiler. E não sei escrever resenhas. Isso não é uma resenha. Entendeu?
2º: Se você quiser informações fidedignas sobre o filme, acesse o site.
3º: Esse é o melhor filme ruim que você pode deixar de assistir. Sério, ele ganhou 5 prêmios.



Tudo começa nos créditos iniciais: o erro do nome da atriz, escrito com letra minúscula ("kika de Oliveira") já me fez estremecer e ficar ainda mais ansiosa pela trama. 
Na primeira cena, dois zumbis, digo, dois pescadores conversam. E aí temos alguns cortes de cena, e blá blá blá, manguezal mal assombrado, pessoas carismáticas (tão carismáticas que passamos o filme todo tentando descobrir quem é o zumbi e quem é a comida do zumbi), um sangue que parece calda de chocolate, a caveira da clássica pegadinha do Silvio Santos... aquilo tudo que a gente já espera de um filme de terror nacional. Mentira, se tivesse a caveira da pegadinha do Silvio seria mais legal, só que tem algumas parecidas.
Raquel é a mocinha (talvez a única que não parece um zumbi), Luís da Machadinha é o mocinho (zumbi que ainda não descobriu que virou zumbi. Brincadeira!). Raquel é ingrata e Luís é tapado. Os outros, mais cedo ou mais tarde, são todos zumbis, exceto a Dona Benedita, que é a humana que comanda a zumbizada. Desculpa, eu não consigo parar de mentir. Retomando: a Dona Benedita é uma velha boazinha, que fala assim:
- Sambem jomgarm tamrramfam?
- Não.
- Deums ém pemloms bonms, Emlem vaim tim amjumdarm!
E ela realmente parece ser a rainha dos zumbis. Aliás, as mulheres do filme são todas estranhas, falam com voz de monstro (quando falam) e eu não quero sonhar com nenhuma delas. 
O filme é verdadeiramente perdível e deixa sem apetite. Fiz algumas anotações enquanto assistia:
"Nunca mais você coloca a mão na minha bunda." - uma das primeiras falas do filme, quando Raquel é bolinada por um homem gordo do mal.
"As pessoas ofegam para pegar caranguejo no mangue, para comer e para beber" - e ofegam alto de um jeito que dá medo.
"Isso é um zumbi ou um lobisomem depois de tomar sorvete com calda de chocolate?" - sobre o primeiro "zumbi" que aparece no filme.
"Alf, o ETeimoso" - sim, depois de uma forte desnutrição que o acometeu quando veio morar no manguezal brasileiro (?), Alf se tornou zumbi.
"Crianças zumbis" - Por quê? Por que colocar crianças em filme de terror?
Sendo justa, tem uma rápida cena que dá medo de verdade: aos 40 minutos, Raquel e Luís estão no barraco de madeira, e as batidas vão ficando cada vez mais fortes. A trilha sonora nessa parte é impecável, compensando todos os sambas e berimbaus. E é justamente nesse momento, que temos o diálogo mais fantástico de toda a história do cinema. Raquel e Luís acabam tendo que se esconder no banheiro, quando a donzela se depara com o vaso sanitário e diz:
- Nossa, que nojo! - com mais espanto do que quando viu os monstrinhos.
Luís, para ficar bem na fita, observa:
- Não fui eu, não, foi meu irmão! - isso tudo enquanto braços mortos agarram o cabelo da moça. Sensacional!

Eu passei exatamente uma hora, quarenta e quatro minutos e vinte e três segundos assistindo a essa pérola. Não quero que perca dez minutos lendo sobre ela (acredite, não vale a pena). Mas aprenda pelo menos uma coisa: nunca estenda a mão para pegar uma nota de dois reais no bolso de um defunto. Pode ser uma armadilha.

Ah, esse filme me lembrou isso.

5 comentários:

Marcio Melo disse...

O trabalho do diretor deste filme foi realmente milagroso, os recursos eram bem escassos e ele conseguiu levar a frente a porra do filme.

Mas.... o filme não é bom, e quando disse isso no meu blog queriam me apedrejar porque eu não estava "apoiando" o cinema nacional, que o filme teve pouco dinheiro bla bla bla.

Uma coisa é certa, foi um trabalho louvável, mas não vai deixar de ser um filme que não é bom e deve em muitas coisas.

O único personagem que achei genial é o pescador, ainda mais quando ele grita "us mortu tão adanuuuu"

Rafa Cruz disse...

Chorei de rir aqui! kkkkkkkkkkkkkkkk
Sério, deu vontade de asssitir o filme só pra conferir a participação do Alf, sou fã dele. E a presença de crianças em filmes de terror é uma especialidade dos japoneses, mas também aparecem em outras produções e dão um toque realmente assustador à trama...quando usadas corretamente! Day, o post tá incrível, já tô no aguardo do próximo.

Anônimo disse...

As pessoas criticam esse filme,mas sabe o que eu acho mais lovável é a determinação de um cara,totalmente amador,mas apaixonado por cinema,que inventa de fazer um filme de terror e arruma alguns vizinhos bem dispostos e desinibidos e com recurso praticamente ZERO,faz o bendito do filme e..SURPRESA,o filme acaba chamando atenção (um filme amador),e ganha premios no estrangeiro e o escambal.Me faz lembrar aquela cl´ssica frase do Glauber Rocha "uma câmera na mão e uma ideia na cabeça".Então para os críticos de plantão..Será que vcs teriam talento suficiente para de forma amadora fazer um filme que teve tamanha projeção??

Dayane Abreu disse...

Olá!
Bom, como eu falei, esse é o melhor filme ruim que alguém pode deixar de assistir. Ele foi feito em condições realmente escassas, e é louvável que tenha ganhado prêmios, mas isso não muda a minha opinião de que não é um bom filme. Aliás, é muito ruim, tanto que eu não recomendaria a ninguém. É a minha opinião. Não sou crítica, nem entendo muito de cinema, só sei do que eu gosto e do que eu não gosto. Não sei se teria talento pra fazer um filme com tanta projeção, mas nem por isso vou deixar de expôr o que eu penso sobre as coisas. Assim como você não gostou do post e fez seu comentário aqui.
(:

Anônimo disse...

A ta de sacanagem,filme ruim de mais,eu com uma tecpix faze-ria um filme mil vezes melhor q bosta

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