quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Conta comigo

Gênero: Aventura/Drama
Direção: Rob Reiner
Ano: 1986

Faço parte de uma corrente ideológica defensora da idéia de que muita coisa pode ser explicada através dos filmes. Por exemplo, as produções lançadas em um determinado período histórico refletem a realidade vivida pela população daquela época. Seus conflitos, suas angústias e o modo como a vida é enxergada, tudo isso pode ser retratado nas lentes de uma câmera. Também acredito parcialmente que os filmes preferidos de uma pessoa te dizem muito sobre ela. Algumas obras conseguem reunir as duas coisas: marcar uma década e imprimir o seu conteúdo na formação da mentalidade dos seus espectadores, daí surge a famosa expressão "filmes que formaram meu caráter". Sou fruto dos clássicos da Sessão da Tarde, da overdose de produções natalinas em dezembro e dos filmes escritos por John Hughes (Curtindo a Vida Adoidado, Esqueceram de Mim, Milagre na Rua 34) que, além de propiciar diversão, assistem no processo de modelamento da personalidade humana.
Onde eu quero chegar? Vamos lá. Apesar de não fazer parte da minha realidade na infância, Conta Comigo certamente se enquadra nessa categoria de filmes que marcaram a existência de muita gente. Lançado em 86 com o título original "Stand by me", o roteiro é adaptado de uma obra do escritor Stephen King, que apesar de ser famoso como o mestre do suspense, presenteou a humanidade com pérolas voltadas ao drama como Um Sonho de Liberdade (1994) e À Espera de Um Milagre (2000).
Acompanhamos a história de 4 garotos: Gordie, Chris, Teddy e Vern. A trama se passa em 1959, quando um dos garotos descobre acidentalmente onde está o corpo de um menino desaparecido há três dias e cuja busca mobilizou toda a comunidade da pequena cidade. Pela sensação de aventura, oportunidade de ganhar 15 minutos de fama ou outro objetivo qualquer, os amigos decidem partir em uma jornada para encontrar o corpo do tal desaparecido e ganhar os créditos pela conquista perante à sociedade.

Entretanto, mais do que uma simples viagem, a trajetória dos 4 garotos é uma verdadeira análise do comportamento humano, da relação entre a índole e o meio em que se vive e o modo como a infância exerce influência direta sobre o caminho tomado por cada indivíduo na vida adulta, sendo a viagem literal, de certo modo, uma metáfora da jornada de crescimento pessoal. Gordie é ignorado pelos pais depois da trágica morte do seu irmão mais velho, o qual recebia toda a atenção da família. Chris é um garoto inteligente, mas sofre por viver em um ambiente familiar conturbado e por receber o estereótipo de alguém sem futuro promissor. Teddy é mentalmente instável e Vern se mostra como o mais infantil dos quatro.
A debatida discussão das teorias possibilista X determinista é colocada em foco e vemos até que ponto cada um é responsável por seu destino. O amadurecimento é um processo individual e cada qual reage de um modo diante das mesmas circunstâncias. Porém, mais do que tudo, é um filme sobre amizade.Amizade genuína mesma, daquele tipo vista apenas na infância e que nós vamos fragmentando aos poucos no processo de envelhecimento.
 A produção termina ao som de Standy By Me e você se sente satisfeito por ter visto uma obra tão profunda, tocante e que, certamente deixará ao menos alguma boa lição na sua vida. Não vivi a década de 80, mas sei que os habitantes dessa longínqua era estavam bem servidos de excelente material cinematográfico.

2 comentários:

Marcio Melo disse...

Sensacional, este é um dos meus filmes favoritos da vida.

Lindo, não canso de revê-lo. Ótima lembrança.

Wanderson Bias disse...

Belo filme, sem dúvida, um dos melhores que já assisti na vida. Sem saudosismo mais que faz falta, filmes como estes, faz!

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