domingo, 23 de setembro de 2012

1984 - Livro

Autor: George Orwell
Ano de publicação: 1949
Gênero: Drama, Ficção Política
Classificação: 5/5 Excelente


Sim caros leitores, o texto de hoje se propõe a dialogar sobre um livro. Longe de ser apenas mais uma obra de efeito passageiro, 1984 se constitui em um leitura indispensável para todos aqueles que desejam compreender melhor o devastador efeito de uma ideia, do modo como o mundo existente apenas em nossas mentes se constitui em um fértil território disputado pela elite governante.
A literatura política elaborada pelo senhor George Orwell (1903-1950) transcende o patamar de crítica social, alcançando o posto de obra de arte, tecida de forma maestral por esse homem que soube enxergar tão bem os mecanismos que regem o sistema, o perigo de uma economia altamente centralizadora e o poderio capcioso da informação.
Enfim, se quiserem encontrar um link entre o livro e o cinema, posso dizer que algumas adaptações foram feitas no âmbito cinematográfico (embora ainda não tenha assistido nenhuma, nem ao menos tenho certeza se de fato o quero), também cito a adaptação da HQ V de Vingança para as telonas em 2006, produção claramente influenciada pelo que foi proposto em 1984.
1984 se passa em uma supernação ficcional chamada Oceania. Após a Revolução, o governo atual foi derrubado e no seu lugar instaurou-se uma política centralizadora, a sociedade se dividiu em três estratos (Partido Interno, Partido Externo e Prole), tendo como eixo principal um líder conhecido como Grande Irmão, que governa o território pautado em três princípios vitais:
"Guerra é Paz
Liberdade é Escravidão
Ignorância é Força."
A privacidade é algo inexistente, todos os movimentos dos cidadãos são monitorados e seus desejos humanos mais íntimos são suprimidos em prol do bem da nação. As pessoas são levadas a uma admiração cega pelo partido, atuando de forma autômata, como robôs que devem obediência ao governo e fazem o preciso para o mante-lo, independente da veracidade dos seus métodos. Afinal, o que é a verdade?

Quem controla o passado, controla o futuro; quem controla o presente, controla o passado

O protagonista da trama é Winston, um funcionário comum do Partido Externo, nível médio da sociedade, que começa a repensar o seu papel no mundo e a questionar a mecânica do sistema, algo extremamente perigoso quando se vive em um lugar onde pensamentos considerados subversivos são extremamente perigosos para os que o detém. A vida de Winston muda por completo ao conhecer Julia, uma jovem que vai alterar pra sempre a sua vida.
1984 retrata uma realidade assustadoramente perigosa, mas simultaneamente possível. Em um mundo onde cada vez mais nossos passos são vigiados, nossa liberdade individual cerceada e o acesso à informação é controlado por uma mídia manipuladora e cruel, não fica difícil imaginar o que é retratado nas linhas escritas por Orwell, o que por sinal já aconteceu (e ainda acontece) parcialmente em algumas nações, lembremos dos regimes nazista e fascista, que assolaram a humanidade no século XX.
O que de fato cativa em Winston talvez eu não saiba expressar com clareza. Pode ser o seu desejo por romper com as regras estabelecidas, de voltar ao estado natural do homem, sua ânsia por liberdade. O que eu posso dizer é que quando, por algum motivo, você para de ler 1984 para retomar mais tarde, tem-se a impressão de que Winston continuou lá, congelado, esperando sua volta para que suas ações se desenrolem e culminem em um futuro possivelmente previsto, mas igualmente fascinante.
A crítica explícita aos governos totalitários está lá, o modo como o controle da informação garante a obediência sem ressalvas de legionários entusiasmados, que odeiam a oposição seja ela qual for, também se retrata, e certamente tudo isso é importante. Porém, no fim das contas, o leitor se apega mesmo às emoções sentidas pelo protagonista. Você se emociona, se empolga, reflete, transpõe para a sua realidade, sente a dor, o amor, tudo o que a árdua jornada de Winston em busca da verdade é capaz de proporcionar. As últimas páginas angustiam, vão no fundo da sua alma, te envolvem a fundo e você chega ao final grato ao escritor por ter criado um livro tão ímpar.
Indicado para todos aqueles que apreciam uma ficção de qualidade, daquelas que irão figurar no seu top dos melhores livros, 1984 é indispensável para as prateleiras de qualquer amante da literatura que queira refletir sobre o mundo em que vive. Recomendo.

p.s.: Alguns termos cunhados no livro ainda sobrevivem, é o caso do Big Brother (embora nos reallitys da vida tenha se diluído a algo fútil) e os termos em novilíngua, como duplipensar e crimideia.

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