O Homem do Futuro

Gênero: Drama/Ficção Científica
Direção: Claudio Torres
Ano: 2011

Viagens temporais, realidades alternativas, conceitos aplicados de física, tudo isso sempre foi muito atrativo na minha predileção por determinados filmes. Quando eu leio "ele decide voltar no tempo pra tentar mudar o fato blá-blá-blá...." em alguma sinopse fico logo animado! É fato que o salto temporal é um recurso muito perigoso pra ser aplicado sem que se perca a lógica e a fluidez da trama ou não sejam desreipeitados os paradoxos da viagem no tempo e da relação tempo-espaço (como muito bem me alertou Bruno Leite, do Olhar Leigo).
Entretanto, no fim das contas o que realmente me importa são as questões como "o que teria acontecido se eu tomasse outro caminho?" ou "em alguma dimensão paralela existe um Rafael Cruz mais rico que o Eike Batista?". Tratando-se o último questionamento de algo fora de cogitação, me prendo ao primeiro.

Nesse panorama, O Homem do Futuro (2011) surge como uma alternativa inovadora no circuito nacional, uma proposta tupiniquim diferente das habituais e com um quê de longa metragem norte-americano. A premissa é até válida, mas ele peca em uma série de situações.

Wagner Moura é Zero, um cientista extremamente inteligente, mas frustrado com a vida que leva. Ele é professor de uma universidade onde conduz um projeto envolvendo o acelerador de partículas com o intuito de gerar uma forma de energia mais barata e sustentável. Em uma tentativa desesperada de mostrar que seu trabalho tem validade, ele usa a máquina com a energia máxima. Como sempre, as coisas não saem como o planejado e Zero acaba voltando no tempo, exatamente no ano em que uma desilusão amorosa com Helena (Alinne Moraes) muda o rumo de toda a sua vida.
O Homem do Futuro é vendido como uma comédia romântica nacional, mas, ao meu ver, a comédia passa bem longe do roteiro. Com exceção de alguns poucos momentos, talvez uns dois (incluindo a participação super relâmpago do Gregório Duvivier), em que eu tenha esboçado algum sorriso, o que se vê é uma tentativa caricata de conduzir o telespectador ao riso através de situações exageradas e uma trilha sonora de cinema pastelão. Solicito muita calma agora antes que vocês parem de ler e tenham pensamentos desagradáveis sobre minha pessoa. Quando eu digo da trilha, certamente não incluo as músicas de bandas famosas como o Legião Urbana, essa foi uma boa escolha; me refiro à trilha instrumental composta pra servir de plano de fundo nas cenas (ufa, vocês chegaram até aqui).

 É um mar sem fim de referências à outros filmes do gênero, especialmente Efeito Borboleta, com semelhanças que beiram a cópia, que me desculpem os defensores do termo "citação artística". Não é um filme ruim, certamente. Wagner Moura é indiscutível e Alinne Moraes também desempenha seu papel com eficiência. Em meio aos seus clichês e músicas que marcaram uma geração, fica ao menos a tentativa de fazer algo novo por aqui. Além do mais, me fez refletir mais uma vez sobre os conceitos da viagem temporal (embora um dos poucos filmes que tenham respeitado seus paradoxos é A Máquina do Tempo). Do mesmo diretor de A Mulher Invisível (2009), espero que O Homem do Futuro seja importante pra influenciar a utilização de temáticas mais variadas nas nossas produções, embora acredite que não desempenhe um papel tão decisivo nessa questão, infelizmente.