quinta-feira, 29 de julho de 2010

    O período de férias deve ser aproveitado da melhor maneira possível. No começo do ano tive a possibilidade de viajar e conhecer coisas novas e realmente interessantes na cidade de Porto Seguro, em um quarto totalmente equipado em Eunápolis e com um tour bem divertido por Ilhéus.No meio do ano as coisas não caminharam da mesma maneira e até a natação teve que ser colocada pra escanteio devido à sinusite e uma gripe irritante. Mas quando se pensa um pouco sempre se arranja uma ocupação digna e decidi me dedicar à algo que não tinha muito o costume: leitura. Adquiri pelo Submarino o volume único de As Crônicas de Nárnia (com um preço super em conta!) e também o Bushido, devido a minha adimiração pela cultura japonesa. Não gastarei tempo descorrendo sobre a demora na entrega e, muito menos, no fato dos livros extraviarem e demorarem absurdamente pra serem entregues. O fato é que chegou e o que me restava era ler e ver aonde tudo isso acabaria
Susana, Pedro e Lúcia
    Escolhi começar com Nárnia justamente por gostar da temática envolvendo fantasia. Já conhecia alguma coisa da série devido aos dois filmes já lançados (apesar de não lembrar detalhadamente deles, tanto que tenho planos de reve-los) e me interessei bastante devido ao fato de gostar de histórias que envolvam personagens mitológicos (quando bem aproveitos, ouviu isso Percy Jakcson?).
Pra os que não conhecem, o volume único contém os 7 livros da série dispostos na sequência de acordo com a preferência do autor. Começamos com O Sobrinho do Mago e encerramos em A Última Batalha. O resultado foi fascinante. O que seria apenas uma mera distração se tornou em um fascínio e uma média de uma crônica por dia.Aquilo que inicialmente era apenas fantasia começou a ganhar contornos conhecidos, algo do qual eu ouvi falar há muito tempo pela internet, mas só lendo o livro ( e, principalmente, chegando ao seu fim) eu consegui compreender melhor.Não era apenas mitologia, fantasia.Havia algo por trás de tudo isso e não precisava ser um louco por teorias conspiratórias pra perceber, estava bem claro. Pra o meu espanto era um mensagem cristã! Vamos entendendo aos poucos a situação.

Mapa de Nárnia
Pra você que pouco sabe do que se trata a história, tentarei pincelar brevemente alguma coisa. O Reino de Nárnia é habitado por toda espécie de seres fantásticos, desde animais falantes a sátiros e dríades, tudo criado por Aslam, o leão.De um modo mágico algumas pessoas de nosso mundo (geralmente crianças) acabam por aparecer em Nárnia através de alguma passagem, o que sempre resulta em maravilhosas histórias. Muitos estão familiarizados com os personagens de O Leão, a Feiticeira e o Guarda-Roupas, o primeiro filme da série a ser lançado, mas que se trata do segundo livro na sequência. Em O Sobrinho do Mago conhecemos detalhes importantes da trama, por exemplo o modo como a Feiticeira Branca chegou em Nárnia e a própria criação de tudo. A linguagem utilizada por Lewis é de tal modo simples como também gostosa, a leitura não se torna cansativa, pelo contrário, é altamente atrativa. A descrição dos cenários nos dá a possibilidade de fechar os olhos e, realmente, nos sentirmos no local. É algo indescritível.
Lúcia no Ermo do Lampião
    Os personagens são altamente cativantes, tanto os humanos quantos as criaturas. Um destaque especial para a doce Lúcia e o valente Ripchip, meus personagens favoritos.Se tivesse que escolher uma crônica favorita provavelmente seria A Viagem do Peregrino da Alvorada ( o terceiro filme e que tem seu lançamento previsto para o fim do ano).
    Todas as histórias apresentam um teor altamente divertido, mas simultaneamente reflexivo. De certo modo somos forçados a pensar em nossas próprias atitudes diante das ações de determinados personagens. Seja no egoísmo, na traição, no orgulho, todos constatamos que existe a chance de uma mudança de vida. Há um forte senso de companheirismo em tudo que se passa e somos apresentados a viagens através dos mares, ilhas, países de criaturas gigantes ou mundos subterrâneos. Existem também paralelos com períodos históricos em nosso mundo e referências alegóricas à momentos marcantes ( como a utilização de uma arma capaz de dizimar populações, conhecida como a Palava Execrável, algo como as bombas atômicas de nosso planeta).

Ei, e onde o cristianismo entra em tudo isso?

    Existem diversos textos, muito bons por sinal, explicando a influência da doutrina cristã na produção. Em sites especializados (no fim do post eu coloco alguns links) temos ótimos paralelos que demonstram o modo como alguns fatos da história cristã aparecem nas crônicas. Vou me ater apenas nas observações que achei interessantes de serem debatidas por cima.
É inevitável a comparação entreo papel desempenhado por Aslam e por Deus. Ambos foram responsáveis pela criação de um mundo. Deus usou a palavra [ E haja luz...], Aslam usou a canção. A própria figura do leão é uma das representações de Deus [ Leão de Judá] Temos a referência a um jardim semelhante ao Éden e, principalmente, temos a maçã como fruto da tentação (apesar do fruto não ter sido especificado nas Escrituras). Assuntos como a entrada do mal no mundo e a desobediência humana (embora em Nárnia a questão talvez seja mais apresentada como curiosidade do que desobediência) também estão abordadas.
Aslam
    Se entramos nas aventuras de Pedro, Susana, Lúcia e Edmundo em O Leão, a Feiticeira e o Guarda-roupas as coisas se tornam mais claras ainda. Vemos o sacrifício de um ser sem máculas pela remissão de um pecador. Do mesmo modo vemos que esse ser perfeito não permanece morto, e sim volta a vida. Como disse anteriormente, não precisa ser nem um pouco paranóico para notar as semelhanças com as histórias narradas nos evangelhos do Novo Testamento. E se tudo isso não fosse claro o suficiente (e, com certeza, já o é), a última crônica nos deixa bem claro a real mensagem que o autor pretende passar.Com uma breve lida sobre a história de vida de C. S. Lewis é bem interessante notar sua infância difícil (Lewis é facilmente comparado a Digory, personagem presente em O Sobrinho do Mago cuja mãe sofre de uma terrível doença), e como ele passou de um pensamento ateu para uma doutrina teísta.Os livros infanto-juvenis seriam ótimos meios de se mostrar uma mensagem para uma população jovem. Junte a isso algumas lições de moral e você terá uma produção notoriamente cristã...será?

C. S. Lewis
    E diante de tantos prós entramos agora com a teoria que diz que não é bem assim que as coisas são. A presença de seres fantasiosos derivados das mais diversas mitologias pagãs, como duendes, fadas, gigantes, se mostra para alguns como uma tentativa de infiltar pensamentos ocultistas e mágicos em uma faixa etária visivelmente suscetível a formação de opiniões, de um modo disfarçado e politicamente correto. Seria o lobo em pele de cordeiro? Há quem sustente que sim. Eu também discordo de determinadas doutrinas exibidas na produção e poderia destacar como ponto negativo a associação de Aslam com magia e divindades pagãs, como Baco (um dos personagens mais bizarros da mitologia grega, em minha opinião).
    Poderia também ser um meio de fazer as pessoas se interessassem mais facilmente pela mensagem cristã através de simbologias que atraem multidões pelo interesse das coisas mágicas, por assim dizer. Eu mesmo, gosto bastante de ler sobre histórias de heróis, gregos ou nórdicos, e suas façanhas sobre criaturas terríveis. Não vou negar que a temática mitológica chamou minha atenção para Nárnia e, por consequência, fui também sujeito aos demais conteúdos explanados.
    Qual a real intenção de Lewis? Sinceramente, acredito que essa é uma pergunta cujo único ser humano capaz de responder já não se encontra mais entre nós: o próprio Lewis. Eu ainda prefiro acreditar nas boas intenções do escritor, consegui retirar ótimos ensinamentos de suas crônicas e fiquei encantado com a capacidade de se criar um mundo tão diversificado e cativante. Viaje pelas terras quentes da Calormânia, o lendário  Passo do Beruna e o Ermo do Lampião. Por Nárnia!


Para saber mais, acesse:
Mundo Nárnia -Seu Portal para As Crônicas de Nárnia

13 comentários:

Ludmilla disse...

eu comprei o narnia vol. unico esses dias por 5,90 no submarino :D
ainda não li, então resolvi não ler o post todo. mas pessoas que leram, cujo gosto eu confio, disseram que ficaram fascinadas e falaram sobre algo cristão por trás disso também. depois de ler, eu volto aqui e leio e comento.

Rafa Cruz disse...

Caramba, e eu achei que tinha comprado barato (15 reais) :D

Dayane Abreu disse...

Poxa, fiquei com muita vontade de ler os livros agora que li seu post.
Bom, eu acho muita desconfiança essa coisa de achar que o autor pretendia influenciar seus leitores a isso e aquilo outro. Isso é muito mais coisa de empresas capitalistas do que de autores de ficção.
E essas temáticas de magia e divindades pagãs pra mim estão mais relacionadas a natureza e imaginação do que à religião.
Mas não li o livro então vou ficar quieta e sentada no meu canto.

Rafa Cruz disse...

Na verdade o próprio Lewis, segundo eu li, falou que não tinha intenção de influenciar nada, saca? Ele simplesmente foi escrevendo e deu no que deu. Seja qual for a intenção dele, eu curti o livro.

Anônimo disse...

Olá Rafael Cruz. Esse seu post está execelente. Peço permissão para que eu o publique em um canal que fala sobre A Mensagem Cristã em Nárnia no site www.mundonarnia.com.

Rafa Cruz disse...

Permissão concedida. Me sinto honrado com o pedido, obrigado de verdade.
E que venha A Viagem do Peregrino da Alvorada, considerada por mim como a melhor crônica.
Abraço!

Unknown disse...

Post incrível!! Realmente sobre o verdadeiro sentido de Narnia!
Acredito, Rafael, que se voce ja assistiu o ultimo filme ficou um tanto quanto decepcionado, ainda mais que é o da sua cronica favorita...
Antes de falar sobre o enredo em si, é notavel que faltou o toque Disney na produção. Há também alguns desvios da história que só quem leu o livro pode saber, mas, no inicio do filme, as crianças irem a Narnia pensando nela foi um erro 'imperdoável', hehe... Mas, enfim, é o drama das adaptações de livros...

Unknown disse...

eu fiquei com muita vontade de ler o C.S lewins pq e as 7 cronicas caramba deve ser muito massa to super curiossa alguem aqui ja leu????

Unknown disse...

eu li os 7 contos!!!
todos são ótimos
recomendo

Ayesha :D disse...

recomendo todos !

Eu disse...

Eu AMO As Crônicas de Nárnia. E não creio que seja "Lobo em pele de Cordeiro", principalmente por já ter lido outros Livros do Lewis. Se vc ler A Trilogia de Além do Planeta Silencioso, talvez ache isso também. O livro tem um fundo muito, mas muito moralista rs.
Essa mistura de Mágico com Cristão, eu penso em algo meio Paulo Coelho sacas? Algo do tipo, há magia, bondade e crença. O importante é fazer as coisas certas, e ser feliz, independentemente de "Fazer em nome de Aslan ou Tash"rs Gosto disso, me parece um tipo de Crença Pura, sem os julgamentos que tanto enfrentamos hoje. Adoro a Literatura do Lewis, fez meus dias mais felizes *-*

Por Nárnia e Por Aslan!!!!!!!!!!! haha

Anônimo disse...

Você falou tudo que eu pensava. Até porque de primeira da para perceber o teor cristão na história ( lendo a série toda claro ). Mas essa ideia dele misturar o cristianismo com o paganismo é um pouco estranho até porque se o Lewis citasse Jesus o livro de uma certa forma teria um teor somente religioso. Mas com essa junção ele cria um mundo que nos puxa para a estória de uma forma ( que eu particularmente queria deixar tudo para viver em Nárnia ). Então para quem não leu fica aí a dica: LEIA você não vai se arrepender. Por Nárnia e por Aslam.

Unknown disse...

Eu gostoi muito dessa crônica muito legal😘🤭

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