Autor: Bernard Cornwell
Ano: 2006
Páginas: 362
- O destino é tudo. Disse o skald Ravn.
Há poucos anos, após a constatação de que minha carreira como leitor era curta e vergonhosa, decidi mudar o panorama da situação. Desde então já passaram pelas minhas mãos obras fantásticas como As Crônicas de Nárnia (C. S. Lewis), O Silmarillion e O Hobbit (ambos do mestre Tolkien), os cinco volumes da saga Percy Jackson, que por sinal, são fenomenais (Rick Riordan), entre outras.Isso de algum modo me qualifica pra fazer a análise de um livro por aqui? Provavelmente não, mas não poderia deixar de lado a oportunidade de indicar uma série tão legal como essa que eu comecei há pouco tempo. Trata-se do primeiro volume das Crônicas Saxônicas, intitulado O último reino, e escrito pelo britânico Bernard Cornwell, famoso autor de outras obras como a trilogia As crônicas de Artur.
Adquiri o livro através do Submarino, minha fonte preferencial na compra de livros pela internet. Logo de cara tenho a obrigação de elogiar o excelente trabalho gráfico realizado pelo Kako, o ilustrador responsável pela capa do livro. Ela é simplesmente linda e o título em alto relevo deu um charme especial para a obra. A qualidade do material também é ótima e consta com uma nota de tradução e um mapa para ajudar o leitor a situar-se no território onde a trama é desenvolvida (acredito que foi o mapa de livro que eu melhor compreendi, já que em O Silimarillion o autor me deixou mais confuso do que orientado. Okay, é Tolkien, não dá pra criticar o seu detalhismo exacerbado, isso é característico dele).
O nosso protagonista é Uhtred, uma criança pertencente à aristocracia da Nortúmbria, um reino anglo cujo território atual pertence a Grã-Bretranha. A história começa em 866 d. C, com a chegada dos dinamarqueses ao território anglo-saxão. Nessa época Uhtred tinha nove anos e ainda atendia pelo nome de Osbert (a mudança de nome é explicada logo no prólogo do livro). Uma série de eventos faz com que o nosso jovem protagonista seja capturado pelos invasores dando início à uma infância embrenhada nos povos pagãos e regada a muita violência, liberdade e aventuras, em contraste com a criação cristã encontrada na sua antiga residência, na qual era incentivado ao aprendizado da leitura e dos costumes religiosos. Resumindo, tudo que uma criança deseja. Mas o destino é tudo, já dizia Ravn. A vida de Uhtred, desde este momento, está fortemente atrelada a de Alfredo, um nobre do reino de Wessex, localizada ao sul da Nortúmbria.E nessa maré envolvente acompanhamos o amadurecimento de uma pessoa marcada pela dualidade durante toda a sua jornada. Cristão ou pagão. Inglês ou dinamarquês.Não há uma resposta bem definida.
Uma coisa bastante legal na literatura do Bernard Cornwell é o embasamento histórico que ele oferece nos seus livros. Embora Uhtred seja um personagem fictício, uma série de outros personagens realmente existiram e fizeram parte da história inglesa. Por falar nos personagens, tenho que ressaltar a construção impecável da personalidade destes, seja o earl Ragnar, com seu amor pela batalha, o padre Beocca com sua fé inabalável ou o ferreiro Ealdwulf, com o seu apego pelas tradições antigas. Ubba, Ivar, Kjartan, Sven, Brida, por menor que seja a atuação de qualquer indivíduo, ela é permeada por uma bagagem sentimental muito forte.
As intrigas, conspirações políticas, traições, batalhas, todas estão presentes como ingredientes de uma boa história. A ação é frenética, as paredes de escudo são intensas e a vida humana é medida na ponta da espada ou na lâmina de um machado. As Crônicas Saxônicas são bem representadas por uma parte escrita no fundo do livro e que consta também nas suas primeiras páginas:
"Sou Uthred, filho de Uhtred, e esta é a história de uma rixa de sangue. É a história de como tomarei de meu inimigo o que a lei diz que é meu. E é a história de uma mulher e de seu pai, um rei."
Escrever mais do que isso é correr o risco de revelar detalhes importantes, e eu não estou disposto a isso. Só me resta recomendar sinceramente uma das melhores leituras que fiz nos últimos tempos. E lembre-se:
O destino é tudo!
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