quarta-feira, 3 de junho de 2015

Relatos Selvagens

Gênero:Drama/Suspense/Thriller
Direção: Damián Szifron
Ano: 2014

Eu poderia começar esse pequeno texto falando da rivalidade infinita entre brasileiros e argentinos e de como em dados momentos temos que dar o braço a torcer e reconhecer o talento no outro, nesse caso, no argentino egocêntrico e selvagem, catimbeiro e extremamente chato.

Outro meio de introduzir a temática seria falar da importância de se dar valor e oportunidades ao cinema latino-americano, que possui belos exemplos de produções que pensam fora da caixa, como é o caso do descontraído e fofo - por que não? - Medianeiras (2011) e o envolvente O Segredo dos Seus Olhos (2009).

Mas não meus caros e seletos leitores, Relatos Selvagens deve ser anunciado e pode ser descrito, de forma empolgada, admito, como o filme que te faz pensar simultaneamente "ele não vai fazer isso" e "será que eu faria algo do tipo?" terminando com sonoros "o que é isso, minha gente?!".

A produção dirigida por Damián Szifron narra seis histórias independentes que mostram como o ser humano pode se comportar em situações de extremo estresse, sendo de forma aguda ou como o estopim de situações corriqueiras. Passando por cenários como um cantina, um avião em voo, uma rodovia ou uma festa de casamento, os personagens passam uma verossimilhança com a realidade cotidiana de modo que você se pega lembrando de ter passado por algo parecido - mesmo que em proporções menores, na maioria das vezes.
A obra é competente em envolver o telespectador e a transição das histórias é rápida, não te deixando muito tempo pra pensar, apenas te conduzindo a desfechos surpreendentes - em alguns casos sim, em outros nem tanto. O final da última história te deixa com a mão no queixo e um riso nervoso, esse sim, vai perdurar por alguns bons minutos. Por uma questão de gosto pessoal, faço ressalva para a história do motorista na rodovia e da cerimônia festiva, que farão suas glândulas supra-renais secretarem adrenalina em um ritmo alucinante.

Nessa mesma semana assisti 5 filmes, incluindo o insosso Jogos Vorazes, A Esperança - Parte 1. Relatos Selvagens foi o único que se salvou - e com louvor.
Recomendo.


segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

Her

Não assista "Her" se você não gosta de filmes que te deixam com um vazio... Ou de filmes com finais subentendidos.
Você não deve assistir se achar que não está preparado(a) para algumas questões que a história deixa na sua mente. Por exemplo: você seria capaz de amar algo que não é real? Quantas vezes você não sentiu que estava se apegando apenas a uma projeção, a alguém idealizado? Quando as coisas não dão certo no "amor", a sua carência o(a) torna vulnerável? Quão profundo e verdadeiro pode ser um relacionamento artificial?
Sei que parecem coisas simples, mas o roteiro te conduz de forma que você se depare com essas e outras perguntas, uma após a outra, e cada vez que se encontra uma resposta, surgem outras dúvidas, e ao mesmo tempo alguns fatos fazem você mudar de opinião e se perder.
Sei lá. Tem momentos em que você se permite se apaixonar pela Samantha. Tem momentos em que você se pergunta se ela está sendo honesta. Certo, mesmo que ela esteja sendo honesta... Será que ela não foi simplesmente programada pra ser tão irresistível
Esse filme me deixou inquieta, agoniada, ansiando por um final com respostas que não tive. É muito difícil aceitar que alguém possa ser genuinamente feliz vivendo um romance não convencional. Porém, não existem romances convencionais. Cada história de amor é única. Nunca se pode garantir a eterna, completa, e leal entrega das partes envolvidas. Também é difícil aceitar que a felicidade é possível em uma ilusão, mesmo quando se sabe que é uma ilusão.
No cinema, assim como em outras artes, o amor não possui limites. Já assisti vários tipos de casais, e até mais que casais, felizes, infelizes, cheios de vida, assombrados pela morte... Mas nunca um casal me fez sentir tão bem e tão mal quanto Theodore e Samantha. É maravilhoso. E é doloroso.

"Qualquer um que se apaixone é uma aberração, é uma coisa louca de se fazer, é como uma forma socialmente aceitável de insanidade".

segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

Heavy Rain

Título: Heavy Rain
Direção: David Cage
Plataforma: Playstation 3
Avaliação: 5/5

Sim, há muito tempo eu não sei o que é escrever aqui. Entre o trabalho e a seleção do mestrado, na qual fui aprovado, pouco tempo me restou pra tornar esse espaço novamente ativo, embora eu suspeite que isso são apenas desculpas que eu me dou para convencimento próprio de que minha falta de inspiração era justificada. Dito isso, vou ao que interessa, ao objeto de minha análise, aquilo que me fez, de fato, tomar vergonha na cara e escrever essas palavras: Heavy Rain.
Creio que poucos foram os momentos nos quais eu me abstive de comentar um filme para falar de uma mídia alternativa, mas essa obra merece a admiração de todos aqueles fãs do cinema, por se tratar de um verdadeiro "filme interativo" levando a experiência de imersão à níveis antes nunca desbravados.

Heavy Rain (HR) é um jogo desenvolvido para a plataforma do Playstation 3 pela Quantic Dream, empresa responsável também por Indigo Prophecy e o recente Beyond: Two Souls. Dirigido pelo David Cage, criador da Quantic Dream, HR se propõe a colocar o jogador no papel de quatro personagens distintos que de algum modo estão conectados pelos recentes crimes cometidos por um serial killer conhecido apenas como Origami Killer, que se vale sempre do mesmo modus operandi nas suas ações: as vítimas são afogadas pela água da chuva. Particularmente prefiro não entrar em detalhes sobre os personagens, é preferível que você os conheço no decorrer do jogo. O interessante é notar como cada um é afetado por seus demônios particulares e em como isso influencia as suas ações durante a trama.
Aliado a uma narrativa extremamente envolvente e um gráfico pautado no sistema de captura de imagem, o grande trunfo do jogo é sua mecânica. Baseado em sequências rápidas de comandos, nos quais um pequeno deslize pode ser fatal, Heavy Rain faz com que você adentre em um mundo no qual erros não são tolerados. Ao contrário dos outros títulos, nos quais uma morte é seguida de um reinício a partir de um checkpoint, a obra do David Cage é marcada por continuar sempre em frente, independente do que aconteça. Um personagem crucial foi assassinado por conta de uma má decisão ou de um atraso nos quick events? Muito bem, bola pra frente! Isso dá margem para uma quantidade significativa de diferentes finais, que vão dos mais "felizes"até  àqueles pouco tradicionais.
A trilha sonora é um capítulo a parte. As melodias se casam perfeitamente com as cenas, sejam de tensão emocional ou apreensão por um risco iminente, as músicas são responsáveis pela criação do ambiente e funcionam como uma engrenagem fundamental no bom andamento da história. Além do mais, eu sou extremamente suspeito pra falar de trilha sonora, sou um apaixonado por elas.
Heavy Rain é aquele jogo que funciona perfeitamente naqueles dias chuvosos, com as cortinas entreabertas e a sala escura. É daqueles que você joga com os amigos e tanto quem tem o controle na mão quanto aqueles que apenas assistem compartilham do mesmo sentimento. É claro que nem tudo é perfeito e alguns furos no roteiro em algum momento começam a incomodar, somado à falta de refinamento gráfico de alguns objetos em determinado momentos, mas nada que atrapalhe a experiência de se jogar um mundo totalmente paralelo no qual a adrenalina sempre está em níveis elevados. Recomendo muito pra todos aqueles que possuem um playstation 3, é uma aquisição indispensável para todos os sonystas de plantão.



quarta-feira, 12 de junho de 2013

Arrow - 1ª temporada

Deshi deshi basara basara!
Deshi deshi basara basara!
Deshi deshi basara basara!

Sim, caros leitores remanescentes! Ressurgimos, como sugere o cântico de incentivo citado no início do texto, extraído de uma emblemática cena de The Dark Knight Rises. "Deshi basara", pois esse blog já teve tantos renascimentos que eu, particularmente, desisti de contar.
E como começamos com uma citação de um dos personagens mais intrigantes da DC, por que não continuar falando de uma das mais novas empreitadas baseada em um personagem dessa empresa?
Estou falando de Arrow,  a série que se propõe a narrar a origem e a saga de Oliver Queen, o Arqueiro Verde. Tenho alguns problemas quando se trata de escrever sobre séries: em primeiro lugar, reconheço o empenho de quem decide comentar episódio por episódio, aprecio ler esse tipo de análise, mas não tenho tempo, nem empolgação pra realizar tal façanha; em segundo, se com filmes que duram aproximadamente três horas é difícil sintetizar toda a informação em um texto, o que dirá de uma série cuja primeira temporada fecha em algo próximo de quinze horas. Mas vamos lá, "deshi basara"!
 Arrow narra a história do jovem Oliver Queen, um playboy milionário que após passar por um naufrágio, chega a uma ilha misteriosa repleta de desafios (calma, não é Lost), na qual passa cinco anos antes que seja resgatado e volte para a civilização. Com novas habilidades e uma lista em mãos, ele decide assumir uma identidade secreta com a qual passa a caçar as pessoas poderosas que fazem da sua cidade, Starling, um local de decadência humana.
No primeiro momento você pode cair no mesmo erro que eu e pensar que Arrow segue a fórmula da falecida Smallville, porém esse pensamento é logo desfeito ao se ver que Queen não é Kent. Seus métodos, sua motivação e seus problemas são totalmente diferentes e os roteiristas da série fizeram um ótimo trabalho ao mesclar o suspense introduzido com os flashbacks que nos explicam vagarosamente o que aconteceu ao longo dos cinco anos na ilha, com cenas de ação extremamente bem coreografadas e eletrizantes durante as incursões de Oliver na sua vida paralela. Durante os episódios seguimos em boa parte a fórmula que mescla a linha central da história durante toda a temporada, com a caçada do Arqueiro a um nome de sua lista, além dos flashs do passado. Gosto dos três momentos e não creio que a série caiu na rotina do "vilão do dia" como alguns afirmaram, ao menos não de um modo negativo. Sim, temos alguns episódios mais fracos (principalmente os que contam com a participação de uma determinada personagem que apenas desperdiça tempo em cena), mas no geral o nível é muito bom e conseguimos chegar aos episódios finais com a adrenalina em valores alarmantes!!
Seria muito injusto dizer que a série é só sobre Oliver. Temos ótimos personagens que vão se desenvolvendo ao longo da história, como o núcleo da família Queen (Thea, Moira e Walter), o segurança Dig, a desajeitada Felicity, a idealista Laurel e sua relação complicada com Tommen, são todos muito bons e suas atuações me convenceram.
Em suma, gostei muito de Arrow e recomendo pra quem gosta de uma boa dose de suspense e muita ação de qualidade. A série se juntou a Community e Game of Thrones formando o trio de séries das quais eu ainda espero alguma coisa.
E você, gostou de Arrow, achou chato ou, como o Entendedor Anônimo, pensa que "nada a ver isso aê"?

domingo, 31 de março de 2013

Django Livre

Gênero:Ação/Western
Direção: Quentin Tarantino
Ano: 2012
 
De fato, eu sou uma pessoa extremamente suspeita para falar sobre Quentin Tarantino. Isso significa que tudo que ele produz é maravilhoso? Claro que não, mesmo sendo responsável por filmes que eu considero excelentes, como Cães de Aluguel (1992) e  Pulp Fiction (1994), tenho o senso crítico pra reconhecer que ele não é perfeito e pode errar feio. Entretanto, quando seu nome é anunciado para um novo projeto, as chances deste ser notável são altas, afinal é Tarantino e nesse caso específico, um western de Tarantino! Tinha como dar errado? 
Claro que sim, mas não deu e o resultado é um deleite para o telespectador acostumado ao estilo peculiar desse excêntrico diretor.
 Django (Jamie Foxx) é um escravo que após ser liberto pelo Dr. King Schultz (Christoph Waltz), passa a o auxiliar no seu trabalho de caçador de recompensas. Os dois criam um forte laço de amizade e o doutor decide ajudar Django na missão mais importante de sua vida: libertar sua mulher, escrava em uma fazenda comandada por um excêntrico proprietário.
Se valendo de uma narrativa muito mais linear do que seus projetos anteriores, mesmo sem a famosa esquematização didática em capítulos e o enlace de várias histórias que parecem desconexas, o longa transborda as marcas registradas do seu diretor/roteirista. Com diálogos que de tão absurdamente banais se tornam interessantes e, em alguns momentos, hilários (destaque para a cena da discussão sobre o capuz), sequências longas que mantem a tensão a níveis alarmantes e enquadramentos de câmera que captam toda a emoção presente mesmo sem qualquer palavra, Django Livre é um legítimo Tarantino.
O elenco demonstra uma sincronia maravilhosa, o que reflete a liberdade que os atores tiveram para desempenhar os seus papéis do modo mais divertido possível. Jamie Foxx está excelente no papel de Django, Christoph Waltz mais uma vez demonstra que nasceu pra atuar nos filmes do Quentin (ele ganhou o Oscar de Melhor Ator Coadjuvante por Bastardos Inglórios e agora repetiu o prêmio em Django Livre) e Samuel L. Jackson é reponsável por momento impagáveis, um legítimo motherfucker. E sim, ainda temos o Leonardo DiCaprio fazendo muito bem o seu trabalho, demonstrando o porquê de eu o considerar um dos maiores atores da atualidade. 
Possivelmente um telespectador desavisado, que por algum acaso da vida não tenha assistido Kill Bill, Bastardos Inglórios ou alguma outra produção tarantinesca possa se assustar com a violência e os plot twists presentes em praticamente todas suas produções. Não foi o meu caso. Tudo já era bem aguardado e foi do jeitinho que eu esperava de uma obra desse que é considerado por muitos um mestre do cinema. Pra finalizar sem me estender ainda mais, preciso só parabenizar a trilha sonora do filme, muito boa, mas sobre isso você pode ter mais informações nesse texto publicado no Música e Cinema.
DJANGOOOOOOOOOOOOOOOO! ♪ ♫ ♪

p.s.: Assistir a esse filme aumentou minha vontade de jogar Red Dead Redemption no ps3!