terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Amnésia


Depois de um curto hiatus eu retorno aqui com mais um post. Na verdade, meio que inconscientemente,  passei alguns dias sem ver filmes, me dedicando mais a leitura ( coisa que não fazia há muito tempo), principalmente de um livro sobre mitologia que adquiri recentemente e será citado em textos posteriores acerca de filmes épicos. Como havia prometido na crítica do Grande Truque, assisti a outro filme do diretor Cristopher Nolan chamado por aqui de Amnésia (título totalmente equivocado), cujo título original é Memento. Em uma rápida busca pelo wikipédia achei o significado dessa palavra tão singular:
Memento é um padrão de projeto que permite armazenar o estado interno de um objeto em um determinado momento, para que seja possível retorná-lo a este estado, caso necessário.
Fonte: Wikipédia 

Memento sim, tem muita relação com a história do filme, mas talvez fosse comercialmente exótico por aqui, não sei. Que raios de história pode surgir de um filme com esse título tão diferente? Continue lendo e descobrirá, aposto que valerá seu tempo.
O meu interesse por este filme surgiu após ele constar em 2º lugar na lista dos 20 Melhores Filmes da Década, segundo o  Márcio Melo, dono do parceiro Porra Man! Apesar de algumas discordâncias, concordo com vários itens da lista dele, como Sin City e Deixa Ela Entrar, apesar de coloca-los em posições diferentes das escolhidas por ele.Após esta longa breve introdução, vamos ao que interessa!

Na trama, lançada em 2000, vemos Leonard Shelby (Guy Pearce), um homem que após um terrível incidente traumático em sua casa, que culminou na morte de sua mulher, adquire um grave problema: Ele não consegue guardar lembranças novas sobre acontecimentos após toda esta situação. Que fique claro que esta situação está longe de ser considerada amnésia  e o próprio protagonista explica isto no filme. Mesmo com essa grave limitação, Leonard elabora estratégias, que vão desde fotografias com legendas que ele escreve até tatuagens pelo seu corpo ( Scofield? Prison Break? Oi?) para se manter conectado ao mundo atual enquanto segue em sua caça pelo suposto assassino de sua esposa, o qual ele conhece apenas como John G. Acredito que só por tudo isso o interesse de muita gente se despertaria, mas aí o Nolan, que se mostrou um diretor fabuloso, inclui a sua jogada de mestre: O filme começa pelo final e ao fim de cada cena somos remetidos a um acontecimento anterior a ele, levando o filme em um sentido anti-horário. Associado a isto vemos alguns flashbacks em preto e branco, porém estes parecem seguir uma linha cronológica coesa.Alguém aí já se perdeu? Pois é esta a sensação de quem assiste ao iniciar toda a história. O telespectador compartilha com o próprio protagonista da mesma sensação, a de incerteza e se sente tão perdido quanto este, visto que ele também não se lembra das coisas que fez ou pessoas que conheceu. Lenny, como é chamado por outro personagem, não confia nem em seus próprios instintos e muito menos em sua falha memória, ele se guia por fatos concretos, representados pelas fotos e tatuagens, o qual ele deixa claro em uma conversa de que estes são os seus únicos meios confiáveis.

 Mas seriam mesmo os fatos tão confiáveis? É difícil definir aqui a existência dos outros personagens com uma breve descrição, visto que ao longo do filme sua visão sobre eles muda constantemente. O que posso dizer de relevante é que temos no elenco um cara misterioso conhecido como Teddy, o qual parece conhecer bem o Leonard, apesar deste não confiar muito nele. Temos também a Carrie-Anne Moss, que eu reconheci prontamente como a Trinity de Matrix =D no papel de Natalie, uma mulher que possue um certo envolvimento com o protagonista.Quando as coisas vão chegando próximas ao final dão a impressão que de uma resolução de todos os enigmas estão próximos, mas somos bombardeados com uma série de informações, que fazem o favor de nos deixar mais intrigados ainda. Segundo o Adriano, dono do Cinemando, o Nolan fez um filme pra confundir. Bem, ele conseguiu. Gostei disso. Ele te prende, intriga, te faz pensar nele mesmo após o seu fim. A frase que constava no alto do templo de Apolo era nosce te ipsum, traduzida aqui para "conhece-te a ti mesmo" e nunca foi tão bem aplicada quanto neste filme. Até quando você pode confiar nos outros, nos seus próprios instintos, nos fatos? Qual a importância do auto-conhecimento? Para os fãs de histórias que te forcem a juntar as peças e propor suposições, este é um filme altamente recomendado. É claro que sei que não agradará a todos, visto que muitas pessoas abominam esse tipo de história marcada por uma "confusão ordenada", se assim posso dizer, mas acredito que vale o voto de confiança de todos. Recomendo.

1 comentários:

Cristiano Contreiras disse...

FILME INOVADOR, ORIGINAL E MUITO MARCANTE!

Bem lembrado!

abraço, sumido!

Postar um comentário