domingo, 14 de agosto de 2011

Que a Grécia é o berço da civilização ocidental você está cansado de saber. Provavelmente no ensino médio sua professora de filosofia citou grandes mentores intelectuais oriundos daquele país, como Platão e Aristóteles, de um modo tão "interessante" que o termo filosofar é aplicado pelo senso comum em situações na qual a conversa tá tão confusa que só nos resta fingir entendimento diante do explicado. Só pra constar: odiava as benditas xeroxs que eramos obrigados a tirar nessa matéria, só serviam pra extorquir minhas escassas moedas! Mas aí vinham as aulas de história com seus debates intermináveis, nos mostrando Atenas como um reduto de pensadores entediados e Esparta como a terra dos cabras machos, que comem monstros terríveis no café da manhã! E pra quê tudo isso? Qual a utilidade de tanto conhecimento? Certa vez uma estagiária que lecionava história no colégio me perguntou isso. Fiquei calado, não soube o que falar. Eis que então ela me explica que essa disciplina nos ajuda a compreender o passado, visto que o presente e futuro nada mais são do que uma repetições dos fatos ocorridos. Creio que isso me marcou de um modo que passei a dar um valor maior a tudo isso.E pra que raios adianta saber que Zeus é o deus do trovão?
Zeus
É simples. Os deuses, heróis, monstros e demais mitos eram os personagens criados pelo homem grego com o objetivo de explicar aquilo que o seu conhecimento limitado da época não poderia solucionar. Como explicar descargas elétricas de tamanha magnitude provenientes do céu e que poderiam ser letais chegando no solo? Fácil, é um modo divino de aplicar seus desígnios. E como explicar os famosos 12 trabalhos de Hércules? Na verdade estes representam uma jornada espiritual do indivíduo que vence seus desafios e tentações até alcançar a redenção plena. E isso se seguia com todas as criaturas e aventuras narradas pelos antigos. Eu sou apenas um leigo no assunto, quem se interessar mais pode visitar o blog da Solange Firmino, especialista em cultura greco-romana. E os filmes, onde entram?
Baseada na Ilíada, poema épico de Homero, a lendária Guerra de Tróia narra os fatos ocorridos na batalha entre os gregos e os troianos. Tudo começa quando o príncipe troiano Páris é eleito pelas deusas Atena, Hera e Afrodite para escolher qual destas é a mais bela. Afrodite prometeu ao jovem o amor da mais bela das jovens na época, Helena de Esparta, conseguindo desse modo arrancar o voto do rapaz. Porém Helena era esposa de Menelau, e este reuniu um exército, com ajuda de seu irmão Agamenon, no intuito de resgatar sua mulher, o que resultou em uma longa e devastadora guerra.Um dos personagens centrais de toda a trama é Aquiles, filho da nereida Tétis e do rei Peleu, que se tornou uma peça fundamental no triunfo grego, apesar do seu famoso ponto fraco. Também temos espaço pra outros heróis como Ajax e Ulisses, do qual falarei posteriormente.
A super produção Tróia (2004) conta com nomes de peso no elenco, como Brad Pitt (Bastardos Inglórios) no papel de Aquiles, Eric Bana (Hulk, A Outra) como o príncipe Hector,  Orlando Bloom (Piratas do Caribe, Senhor dos Anéis) no papel do príncipe Páris e Diane Kruger (Bastardos Inglórios, Feliz Natal) interpretando Helena, o pivô do problema. Até hoje não há um consenso sobre a veracidade da cidade de Tróia e dos fatos narrados, sendo esta o objeto de estudo de uma série de pesquisadores.

Dando seguimento pós-guerra, Homero presenteou a humanidade com a Odisséia, poema que descreve as aventuras vividas por Ulisses (ou Odisseu) na sua volta para casa após o cerco de Tróia. Após ofender Poseidon, deus dos mares, o nosso herói enfrenta uma série de situações que envolvem monstros marinhos, feiticeiras, deuses e um dos cíclopes mais famosos da mitologia, Polífemo, com o objetivo de rever sua amada esposa Penélope. A Odisséia (1997), narra todos os percalços enfrentados por Ulisses (Armand Assante) e mostra como tudo culmina em um final de tirar o fôlego. É lógico que os efeitos especiais são considerados ultrapassados na atualidade, mas não deixa de ser uma obra cinematográfica indispensável para todos os fãs da mitologia grega.

Seguindo com os deuses e heróis, temos o mais conhecido semi-deus da história: Hércules, filho de Zeus com uma mortal. Sem dúvida seu feito mais notável foi a realização dos 12 trabalhos solicitados pelo rei Euristeu, os mais famosos incluem a captura de Cérberos, a luta contra a Hidra e o monstruoso Leão de Nemeia. A história de Hércules (ou Héracles) é permeada por uma série de tragédias, que envolvem loucura e o assassinato de sua esposa e filhos. Mesmo após tantos problemas e uma morte dolorosa, o herói foi finalmente recompensado no Olimpo e se casou com a deusa Hebe. Sem dúvidas existem dois grandes expoentes na representação de Hércules nos filmes. O primeiro é a animação da Disney lançada em 1997, que conta com a presença de várias outras figuras da mitologia como Ícaro e o deus do submundo, Hades. O sucesso do filme garantiu ao personagem uma temporada de episódios na TV. Me lembro que passava no SBT e eu curtia bastante.
A outra forte referência ao filho do deus do trovão é o Hércules eternizado pelo ator Kevin Sorbo em uma série de filmes toscamente divertidos. Acompanhado pelo seu fiel amigo Iolaus, o queridinho de Zeus encarou vários desafios como em Hércules e as Amazonas (1994) e Hércules no Labirinto do Minotauro (1994). Um detalhe básico é que, na mitologia quem enfrentou o minotauro no labirinto de Creta foi Teseu, não Hércules! Ou seja, apesar de divertido, não é uma fonte confiável para os fãs da história fidedigna.

Finalizado essa primeira parte focada nos mitos gregos, me sinto obrigado a falar de um dos meus personagens favoritos. Perseu é filho de Zeus (sempre colaborando com o aumento da natalidade) com a princesa Danâe, de Argos. Assombrado pela profecia de que seu neto seria a causa de sua morte, o rei Acrísio jogou ao mar sua filha e seu neto. Ambos sobreviveram e, ao se tornar um homem feito, Perseu recebe a missão do rei Polidectes para derrotar a assustadora Medusa, criatura que transforma em pedra quem olhasse diretamente em seu rosto. Contando com ajuda divina, o jovem cumpre sua missão e posteriormente entra em um incidente envolvendo a bela Andrômeda e um terrível sacrifício com consequências determinantes.Por que sou fã de Perseu? Longe de ser fã de spoilers, mas devo dizer que este foi um dos heróis mais bem sucedidos em suas metas.
 Algumas produções são dignas de comentários aqui. A primeira é Percy Jackson e o Ladrão de Raios (2010), que se mostrou uma grande decepção. Apesar do filme não emplacar, me incentivou a conhecer a série de livros (composta por 5 obras de Rick Riordan) incrivelmente empolgante e que eu recomendo pra qualquer um, sem medo de ser feliz. Os livros são excelentes e as referências mitológicas representadas de modo contemporâneo são super divertidas. Mudaram coisas essenciais no roteiro do filme, resultado em algo cheio de furos e entediante. O segundo filme é o controverso Fúria de Titãs (2010), o qual vocês podem ler minha opinião clicando AQUI.

A temática mitológica renderia, sozinha, uma série de textos. Possivelmente farei em um futuro próximo mais um post sobre o assunto. Para quem quiser se aprofundar recomendo o excelente O Livro de Ouro da Mitologia: História de Deuses e Heróis, do Tomas Bulfich e a leitura do blog do Solange, anteriormente citado.


Até a próxima, aguardo sugestões!

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